Essa quinzena, lembramos o dia internacional da mulher do nosso jeitinho biscate: luta, celebração e inquietação, tudo junto, arfante e misturado…
#nãomedeemflores #diainternacionaldamulher
Por Carla do Brasil, Biscate Convidada
Me chama a atenção o discurso “eu não faria um aborto, mas sou a favor da legalização.” Como se a gente precisasse de se eximir, de colocar que “eu não sou dessas que faz aborto”.
“Dessas que faz aborto”
E ai a gente vai olhar os dados da PNA. E descobre que a mulher que aborta é casada, se declara católica ou evangélica e já tem filhos.
Então, sim, eu sou dessas que faz aborto. Eu sou mulher, casada, tenho uma filha, sou católica. Estatisticamente, pertenço à população que é privada de um direito reprodutivo importante. Completo quarenta anos daqui a quatro e aí, a chance de ter passado por um aborto é de 20%.
Uma em cinco.
Sua vizinha já fez. Sua amiga. Sua colega de trabalho. Sua parente. Mas provavelmente você não sabe. Porque nessa hora, todas são clandestinas. Criminosas. E correndo o risco de ter sérios problemas de saúde se não tiver uma boa poupança e contatos.
Então, guardem para si o discurso moralista. Mulheres morrem por causa dele. Principalmente mulheres pobres.
Carla do Brasil é dessas: mãe, feminista, sem papas na língua e sem medo de pensar fora da caixinha.

Penso igual.