“Você poderia ser mãe dele” – disse. E, já enquanto dizia, soube que nada estava mais longe da verdade.
Bastava prestar atenção no rosto dela.
O rosto dela. Os olhos cintilantes dela. Aquele brilho. Aquele ar de que apenas segurava o sorriso pronto. Por pura bondade, por generosidade: não escancarar a felicidade na frente dele. Não o deixar mais no chão do que já estava.
O olhar que ela lhe lançava era assim, piedoso.
E permanecia sem dizer nada.
Pra quê?
Estava tudo tão claro.
Ofuscante.
Ele fechou os olhos com força: tentativa de apagar a imagem que rodava na sua cabeça como carrossel. Os dois abraçados. Fundidos. Derretendo-se um no outro. Exatos.
Precisos como um soco no estômago.
Quando os abriu de novo, ela já não estava mais ali.
Ouviu, ao longe, a porta da sala bater.
